A ascensão da Inteligência Artificial Generativa (IA) inaugura uma revolução tecnológica sem precedentes na sociedade moderna. Os impactos de seu avanço já são perceptíveis em todas as áreas, como saúde, indústria, agropecuária, energia, comunicação, entretenimento e educação.
O processo impulsionado pela IA tem potencial de transformar as empresas dos mais diferentes ramos, tornando-as mais inovadoras, produtivas, eficientes e rentáveis.
Isso acontece porque cria algoritmos e modelos que permitem que as máquinas processem informações, aprendam com dados, tomem decisões, resolvam problemas e interajam com o ambiente de maneira inteligente, trazendo inúmeras oportunidades para as organizações.
A Inteligência Artificial Generativa abriu um caminho sem volta para o desenvolvimento tecnológico moderno. No entanto, ao mesmo tempo em que avança a passos largos, a IA é um tema revestido por inúmeros mitos e que podem prejudicar seu avanço.
Desmistificar a Inteligência Artificial é um passo essencial para integrá-la de forma positiva e produtiva na sociedade. Mas antes é importante identificar alguns destes mitos. Confira:
- Vai causar desemprego em massa;
- É totalmente autônoma, podendo ficar incontrolável;
- Possui consciência e compreensão própria;
- É perfeita e livre de erros;
- Resolve todos os problemas;
- Coloca a privacidade e segurança de dados em risco;
- Dispensa a criatividade humana.
Um dos principais mitos que precisam ser superados é o risco de a Inteligência Artificial substituir pessoas no mercado de trabalho. Mas esse temor se justifica? Quais são os impactos do avanço desta tecnologia sobre a força de trabalho? E o que se espera do profissional que quer ter sucesso em tempos de IA?
Fica com a gente que vamos abordar esses questionamentos ao longo deste artigo. Boa leitura!
Reflexo da Inteligência Artificial na capacitação profissional
De acordo com um estudo da Page Interim – unidade de negócio do PageGroup -, o brasileiro, de modo geral, está receoso quanto ao impacto da Inteligência Artificial no mercado de trabalho.
O levantamento mostra que 3 em cada 4 profissionais no Brasil acreditam que a IA substituirá seus empregos: 76,6% dos brasileiros que participaram da pesquisa creem que a IA afetará parcialmente os postos de trabalho na área em que atuam.
E é inegável que a adoção da Inteligência Artificial Generativa tende a provocar transformações profundas no mundo corporativo. São mudanças que vão de estrutura dos escritórios à governança, passando por estratégias de inovação e tecnologia, relação com o mercado, modelos operacionais e práticas de integridade e ética.
Além disso, as áreas de gestão de pessoas e o desenvolvimento humano também serão impactadas. Nesse contexto, o desafio é realizar a capacitação e o letramento em todos os níveis e funções da companhia, a fim de ser um time que identifique oportunidades e mitigue riscos nas aplicações da Inteligência Artificial Generativa.
“É essencial que os programas educacionais evoluam para incluir habilidades relacionadas à IA e à análise de dados. Ao preparar o time com essas competências, estamos abrindo caminho para que sejam protagonistas e não apenas espectadores na era da Inteligência Artificial”, afirmou a especialista em carreira Ledy Oliva, ao falar sobre “Mitos e Verdades sobre o Impacto da IA no Mercado de Trabalho”.
“De modo geral, o principal impacto da AI Generativa é a possibilidade de acelerar a produtividade individual e a capacidade do indivíduo aprender novas coisas. Portanto, além de treinados, a IA também mudará como as pessoas aprendem novas coisas e acelerar o learning agility”, complementa Thomaz Faria, consultor de tecnologia aos negócios na Raízen.
Eliminar pessoas na jornada da IA: um risco para o negócio
Como os colaboradores podem aproveitar a “Era da Inteligência Artificial” como uma oportunidade, e não como uma ameaça dentro da empresa? Esse foi um dos assuntos abordados por diferentes profissionais no final de junho, durante o Raízen Tech Talks.
Com o tema “Desmistificando IA”, a live foi transmitida diretamente do Gen AI Lab da Distrito Startups, contando com a presença de convidados e especialistas da Raízen, e ecossistema Distrito.
Participaram do Tech Talks Gustavo Araújo, cofundador e CEO do Distrito; Dionísio Chiuratto, advisor de uma das empresas do Grupo Embraer; e Tiago Nori, Gerente de Tecnologia Negócios. A live foi mediada por Fabio Mota, Vice-Presidente de Serviços aos Negócios e Tecnologia da Raízen.
Segundo os participantes da live, é inegável o quanto a Inteligência Artificial pode propiciar ganho de produtividade e eficiência em diferentes processos dentro das empresas.
Apesar disso, é um erro demitir postos operacionais prematuramente. Corre-se o risco de eliminar pessoas que têm conhecimento acumulado no negócio e podem fazer a diferença.
O componente humano no sucesso da implementação da Inteligência Artificial em uma organização nunca pode sair do foco. “É importante a harmonia entre esses dois elementos”, destaca Mota.
Sem essa preocupação, embora por um lado a empresa ganhe em produtividade com o uso da IA, por outro existe o risco de escalar uma solução genérica ou menos criativa para um problema, por exemplo.
“Por isso que se fala em expandir o potencial das pessoas e não em substituí-las. É necessária a parcela humana na jornada da IA na companhia, porém não é possível fugir da capacitação destes profissionais, utilizando eventos como o Tech Talks”, salienta Mota.
RAÍZEN TECH TALKS: Assista na íntegra a live “Desmistificando IA”
Aumentar a exposição dos colaboradores à Inteligência Artificial
Hoje o uso da Inteligência Artificial é uma vantagem competitiva, mas num futuro próximo será uma exigência para todos no mercado. Para que este processo se torne realidade em uma organização, a decisão não pode partir de um time isolado. Deve ser uma decisão da alta gestão da empresa.
E como engajar toda organização nesse processo? Um passo fundamental é aumentar ao máximo a exposição dos funcionários à tecnologia e em todos os setores: nas áreas técnicas, no desenvolvimento de produtos, no administrativo, no comercial…
“Aumentando a exposição dos funcionários ao uso da IA, garantimos também os guardrails necessários para mitigar riscos, além de expandir o mindset de inovação, onde começamos pequeno com as provas de conceitos e evoluímos nos maiores cases que façam sentido”, complementa Faria.
No dia a dia do negócio, não é possível afirmar se a IA contribui ou não, se tem falhas ou onde melhorar se o próprio colaborador daquela área não põe a mão na massa.
Afinal, não viveremos mais num mundo sem LLMs (sigla para o termo em inglês Large Language Models), se goste ou não. No mínimo, é necessário estar apto a entender os modelos que existem em cada área.
O processo formal de capacitação e treinamento também é importante: ensinar a base teórica da Inteligência Artificial Generativa, conhecer seus fundamentos, apresentar diferentes modelos e estimular os diferentes times a ampliarem o conhecimento.
A nova era da AI exige uma nova abordagem nos negócios, em que empresas e funcionários devem mostrar que estão mutuamente prontos para se adaptar a um mundo de trabalho construído em torno de pessoas e máquinas inteligentes. Neste contexto, identificar novas tarefas e habilidades necessárias para realizá-las é fundamental.
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Como os humanos e a IA podem trabalhar juntos para criar negócios melhores?
O tecnólogo empresarial Sylvain Duranton tem uma visão crítica quanto ao modo que as empresas têm implantado a Inteligência Artificial. Ele defende utilizar esta tecnologia em uma abordagem “Humano mais IA” – utilizando sistemas de IA juntamente com os humanos, e não os substituindo.
“A Inteligência Artificial decide apenas com base em regras. Muitas delas deduzidas a partir de dados anteriores. Se o julgamento humano não for mantido nesse processo, a IA trará uma forma aterrorizante de nova burocracia, que chamo de algocracia, na qual a IA tomará decisões cada vez mais críticas.”
Para Duranton, é preciso parar de pensar primeiro na tecnologia e começar a aplicar a fórmula secreta: 10% algoritmos + 20% tecnologia + 70% pessoas e processos. Desta forma, a maior parte do esforço vai consistir em combinar IA com pessoas e processos para maximizar resultados reais.
E ele traz exemplo concreto desta sua visão. Uma pesquisa da BCG e do MIT mostra que 18% das empresas do mundo são pioneiras nesta tecnologia e têm lucro. “Para isso, concentram 80% de suas iniciativas de IA em eficácia e crescimento, tomando melhores decisões sem substituir pessoas por IA para economizar custos.”
Por isso, é importante manter as pessoas junto com a Inteligência Artificial, “senão a IA fará coisas idiotas. Se as pessoas forem deixadas de fora, teremos um pesadelo algocrático”, enfatiza.
Para ele, as organizações vencedoras investem em conhecimento humano, e não apenas em IA e dados, recrutando, treinando e recompensando especialistas humanos. “Dizem que os dados são o novo petróleo, mas o conhecimento humano fará a diferença porque é a única torre disponível para bombear o petróleo oculto nos dados”, conclui Duranton.
De acordo com Thomaz Ribeiro, que faz parte da agenda de letramento em IA da Raízen, existem tarefas de diferentes naturezas onde parte pode ser 100% automatizada com IA, tarefas onde o humano será aumentado e terá mais produtividade combinando o “Humano + IA” e tarefas onde apenas o humano irá performar melhor. É importante reforçar que este processo é composto por diversas etapas e cada vez mais vamos conviver com esse modelo híbrido entre “Humano + IA” e cabe ao humano especialista do processo identificar as oportunidades.
“HUMANO + IA”: assista conferência de Sylvain Duranton
Processo de letramento em Inteligência Artificial da Raízen
O bom uso dos dados sempre fez parte da estratégia da Raízen. De acordo com Fábio Mota, o fato de ser uma empresa integrada de energia, com atuação do campo ao posto, permite que tenha à disposição informações de toda cadeia. “Nosso objetivo é usar esses dados para potencializar os nossos negócios, como estamos fazendo”, diz.
Para extrair o máximo valor desses dados, o processo de democratização da Inteligência Artificial tem contribuído com a companhia. “Assim, colocamos mais gente dentro dessa pauta. Queremos capacitar pessoas que possam extrair mais valor de toda tecnologia que está vindo”, sublinha Mota.
Para materializar esse objetivo, a Raízen adotou um programa de letramento e capacitação com foco em Inteligência Artificial. “Quanto mais nossos executivos conhecerem todo o potencial da IA e suas características, teremos mais condições de adotar as melhores soluções e de extrair o máximo de valor desta tecnologia”, afirma.
O Raízen Tech Talks faz parte deste programa, além de outras iniciativas, como palestras e workshops. A companhia entende que seus executivos precisam entender sobre a tecnologia e saber o que ela pode ou não pode fazer.
“Temos realizado ações que visam formar tanto executivos, como um público diverso. Nosso objetivo é democratizar o acesso à IA e encurtar o gap de conhecimento que existe entre nossas áreas de negócio e a tecnologia”, finaliza Mota.