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Metodologias ágeis: como elas podem ajudar sua startup

Artigo redigido em colaboração com Luis Henrique de Rossi, coordenador de inovação digital e gestor do LACE, na Raízen.

Aumentar a eficiência, fazer entregas que agregam valor ao cliente e rentabilizar seus negócios estão entre os objetivos de qualquer empresa. Mas como chegar a esses resultados? E mais: como melhorá-los continuamente?

As metodologias ágeis oferecem caminhos para chegar lá de forma mais rápida do que os métodos tradicionais. Porém, não se engane: não se trata de pisar no acelerador a qualquer custo, mas de incluir paradas e pequenas entregas a cada etapa e recalcular rotas sempre que necessário. 

Existem diferentes ferramentas dentro das metodologias ágeis para organizar essas paradas, as entregas, o feedback e a comunicação. 

Ao longo deste artigo, vamos apresentar as principais delas, contar um pouco da sua aplicação na Raízen e dar dicas de como escolher a que melhor se adapta a cada projeto. 

Vamos saber mais? Boa leitura!

Para começo de conversa: o que são as metodologias ágeis?

Metodologias ágeis são um conjunto de práticas com o objetivo de entregar valor ao cliente de forma mais rápida e constante.

Elas surgiram na década de 1990, no mercado de sistemas da informação e de desenvolvimento de software. Era uma resposta aos processos longos, burocráticos e rígidos vigentes na época (e ainda presente em muitas empresas).

Além da agilidade presente no nome, a flexibilidade e a colaboração estão entre as principais características.

Como funciona uma metodologia ágil

Ao invés de seguir um plano detalhado desde o início do projeto, a equipe adepta da agilidade trabalha em ciclos curtos. Com isso, a equipe consegue entregar um conjunto de funcionalidades prontas para serem testadas e utilizadas. 

Ciclos curtos são períodos delimitados para realização de um trabalho planejado. Não deve ser menor que uma semana, para que haja tempo suficiente para construção de algo útil, nem maior que um mês para que não se demore em realizar novos lançamentos para o mercado.

Para acontecer na prática, as metodologias ágeis prezam pela comunicação e colaboração entre os membros da equipe e com o cliente. 

A divisão em etapas e a comunicação constante permitem que sejam feitos ajustes de rota ao longo do caminho. Dessa forma, é possível adaptar o que está sendo construído às necessidades do cliente e às mudanças conjunturais que aconteçam. 

Mais alguém se lembrou da pandemia de 2020? Ali, todo mundo precisou se adaptar, e muitos daqueles que ainda não conheciam as metodologias ágeis encontraram nelas uma forma de se reinventar.

Quais são as metodologias ágeis mais utilizadas?

Entre as metodologias ágeis mais utilizadas, podemos citar o Scrum e o Kanban. Como você verá mais adiante, cada uma delas tem suas particularidades, mas todas compartilham a mesma ideia central: entregar valor de forma iterativa e incremental.

Parte da fama do Scrum se deve ao sucesso do livro A arte de fazer o dobro de trabalho na metade do tempo, de Jeff e J.J Sutherland. Afinal, todos querem ser produtivos! É um método mais prescritivo, que diz exatamente o que tem que acontecer em cada sprint (ciclo). Pode não ser ideal para todos os projetos, mas é uma boa ferramenta para lançamentos em ciclos curtos. 

Já o método Kanban, muitas vezes confundido com o mero uso de um quadro com post-its, é muito mais que isso. Ele é uma forma de visualizar a distribuição do trabalho: o que pode ser feito paralelamente, quais tarefas precisam ser feitas em sequência, bem como o status de cada tarefa. 

4 metodologias ágeis para conhecer

Scrum: o Scrum se concentra em entregas frequentes e incrementais, trabalhando em ciclos de desenvolvimento curtos, chamados de sprints. A equipe de desenvolvimento é dividida em três papéis principais: Product Owner, Scrum Master e equipe de desenvolvimento. O Product Owner é responsável por gerenciar o backlog do produto, o Scrum Master garante que o processo seja seguido e a equipe de desenvolvimento é responsável por realizar as tarefas necessárias para entregar as funcionalidades do produto.

Kanban: O Kanban tem como objetivo principal visualizar o fluxo de trabalho e maximizar a eficiência da equipe. Ele se concentra em limitar a quantidade de trabalho em progresso e em minimizar o tempo de espera entre as tarefas. O processo é gerenciado em um quadro Kanban, que mostra o status de cada tarefa em tempo real. A equipe pode se adaptar rapidamente às mudanças, já que o processo é altamente flexível.

XP (Extreme Programming): o XP se concentra em práticas de desenvolvimento de software de alta qualidade, como programação em par, testes automatizados, refatoração constante e integração contínua. Ele tem como objetivo principal fornecer um produto final de alta qualidade, com foco em colaboração, simplicidade e feedback constante.

Crystal: o Crystal é uma família de metodologias ágeis que se concentra em adaptação às necessidades específicas do projeto. Ele se baseia em princípios de comunicação, reflexão e melhoria constante. O Crystal é dividido em quatro cores, cada uma com suas próprias práticas e características: Crystal Clear, Crystal Yellow, Crystal Orange e Crystal Red. A escolha da cor depende do tamanho do projeto e da complexidade envolvida.

Como escolher a melhor metodologia para cada situação?

Apesar de eficazes, nem sempre as metodologias ágeis serão a melhor opção para um projeto.

Afinal, para implementar um projeto ágil, é preciso um time integrado e engajado. A formação desse time pode demorar um tempo para atingir sua melhor performance, como demonstra a curva de Tuckman. Por isso, é fundamental avaliar o tipo de desafio a ser resolvido para decidir quando vale a pena esse esforço. Uma boa forma de ajudar na tomada de decisão sobre o melhor método a seguir, é seguir um framework chamado Cynefin. 

O Cynefin é um modelo conceitual desenvolvido por Dave Snowden para ajudar as pessoas a entenderem melhor a natureza dos problemas que enfrentam e a tomarem melhores decisões. 

Ele se concentra em quatro domínios ou contextos: simples, complicado, complexo e caótico. Cada domínio requer diferentes abordagens e ferramentas para serem resolvidos de forma eficaz.

Se o contexto é um problema simples e bem compreendido, as boas práticas e um bom roteiro de atendimento tradicional são suficientes para resolver.

Um contexto complicado é aquele mais difícil, que envolve etapas, mas que o caminho da solução já é conhecido. Não é preciso explorar ou descobrir, só é preciso construir. E isso pode ser feito a partir das boas práticas de um desenvolvimento de projeto tradicional, também chamado de projeto cascata. Nesses casos, o Kanban também ajuda a visualizar as tarefas e etapas.

Já num contexto complexo ou caótico, temos algo novo, em que é preciso explorar e testar com o cliente. Nesse caso, os sprints do Scrum ou do Crystal ajudam a criar etapas. Esses métodos otimizam a adaptação e comunicação, ajudando a equipe a lidar com o ambiente em constante mudança.

Nesses casos, o primeiro desafio é decifrar qual é o valor que o cliente espera. Pelo que ele está disposto a pagar? O que posso agregar na vida dele? Aqui é importante lançar uma versão, sentir o feedback do cliente, lançar uma nova versão, sentir de novo o feedback, entrevistar para ver se a equipe está indo na mesma direção do cliente. 

Por exemplo: se o cliente não está usando um recurso lançado em MVP (mínimo produto viável), que é uma versão mais simples daquela ferramenta, pode ser o caso de abandonar, ou pivotar, para não escalar algo que não tem adesão. 

Entregas faseadas

A principal mudança de pensamento é escutar o público, desenvolver coisas pequenas em um prazo curto. Assim dá para testar se aquilo realmente funciona, em vez de fazer grandes desenvolvimentos para só no fim de tudo avaliar os resultados.

Por exemplo, em vez de lançar apenas três ou quatro versões de um sistema por ano, é recomendável lançar versões mais curtas, uma vez por mês, ou até mesmo numa frequência maior. Com isso, consegue-se medir melhor o impacto de cada atualização. 

Como identificar a necessidade do cliente?

No início da adesão às metodologias ágeis, as entrevistas individuais com o cliente são a principal forma de coletar informações. Com a evolução da agilidade, a empresa pode adotar técnicas mais modernas, como análise de dados, pesquisas quantitativas e qualitativas. 

A Raízen conta com um time de Data Analytics que gera insights importantes para melhorias.

Independentemente da estrutura, é fundamental que a equipe consiga responder a perguntas como estas:

  • O que a gente quer construir?
  • Qual é o objetivo dessa construção?
  • O que a gente espera reduzir ou aumentar?
  • Como vamos monitorar se teve efeito ou não?

 A conversa com o cliente ajuda a responder essas perguntas. A partir daí, o time produz uma documentação enxuta, restrita ao tema, e desenvolve, lança e mensura se o resultado foi atingido.

Dicas para implementar metodologias ágeis na sua startup

Gostou de saber sobre metodologias ágeis, mas ainda está em dúvida de como aplicar na sua empresa? Reunimos 6 dicas para ajudar:

  1. Estude o tema: existem livros, cursos (pagos e gratuitos), podcasts e canais no YouTube que ajudam a entrar nesse universo. Além disso, busque comunidades e fóruns sobre o tema, pois a troca de experiências ajuda muito a visualizar caminhos
  2. Engaje a equipe: é importante que o time conheça o propósito e os objetivos macros da sua empresa, bem como os objetivos das metodologias. Assim, cada colaborador consegue entender o porquê de cada tarefa, das reuniões, das trocas, e passa a ser mais ativo e propositivo em cada passo. Além disso, criar um ambiente colaborativo é essencial.
  3. Não tente implementar tudo de uma só vez: parar tudo para reestruturar todo o método de trabalho levaria tempo e seria difícil de rentabilizar de imediato. Em vez disso, vale ir pouco a pouco. Como eu posso escutar mais o meu cliente? Como fazer lançamentos em ciclos mais curtos? Como fazer meu time trabalhar com mais autonomia, mais em conjunto?
  4. Tenha um feedback constante: as metodologias ágeis são baseadas em feedback constante. Aqui é importante tanto o feedback do cliente quanto o da própria equipe. É a partir dessa coleta que serão gerados os insights de melhoria. Então, certifique-se de que a equipe esteja sempre se comunicando e recebendo essas respostas para melhorar continuamente.
  5. Mantenha a transparência: a transparência é essencial em metodologias ágeis. Certifique-se de que a equipe esteja sempre atualizada sobre o progresso e os obstáculos encontrados.
  6. Adapte-se às mudanças: as metodologias ágeis são flexíveis e adaptáveis. Esteja disposto a mudar as táticas e processos, se necessário, para atingir os objetivos do projeto.

Lembre-se, a implementação de metodologias ágeis é um processo contínuo e evolutivo. Com o tempo, a equipe pode descobrir o que funciona melhor para o projeto e ajustar as práticas conforme as necessidades. Com dedicação e comprometimento, a sua startup pode colher os benefícios de uma abordagem ágil.

Metodologias ágeis no dia a dia da Raízen

Além de contar com processos robustos e muito bem estruturados, hoje a Raízen também vê os benefícios de incluir as metodologias ágeis em algumas áreas. 

Prova disso é a criação de um setor dedicado para dar agilidade às inovações da Raízen: o Lean Agile Center of Excellence (Lace). 

Os primeiros testes de metodologia ágil ocorreram num piloto com um fornecedor e num produto muito importante, o CS online, responsável pela venda de combustíveis aos postos.

Uma das primeiras missões era melhorar o sistema de abertura de chamados. Numa entrevista, um cliente, dono de posto, mencionou que seria bom se houvesse um chat. O curioso é que o chat já existia, mas o botão não estava na área em que as pessoas normalmente procuram.

A solução era simples, e o resultado foi visível. Ao passar o ícone de abertura do chat para baixo, o volume de pessoas que utilizavam o recurso aumentou bastante.

Nas duas ocasiões, ao trazer os clientes mais para perto, foi possível chegar a resultados muito bons. Hoje, o time atua em diversas áreas de negócio, auxiliando na adoção das metodologias ágeis e consequentemente, na melhor entrega aos clientes.

Além das metodologias ágeis, novas ferramentas de Inteligência Artificial podem ajudar a otimizar e acelerar processos. Confira: Como fazer da Inteligência Artificial (IA) uma aliada da sua startup

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